domingo, 26 de fevereiro de 2012

[in-]ludo – Júlia Studart

você não tem certeza
agora, mas o fato é
quando você diz            
sim, quando você
aceita entrar e
já não tem mais
volta. a decisão
provoca, em quase
todos os casos, um
tipo de confusão
visual

ilusões de distância
e profundidade. e
nem a carta
topográfica mais
detalhada que
leva na mão como
último trunfo pode
salvar sua vida

aqui debaixo
consegue contar
vinte e cinco soldados
de chumbo em volta
de uma clarabóia
central, dois soldados
observam você entre
a escada principal
inclinada e o pátio
externo de um possível
terceiro ou quarto piso

eles estão muito
perto, mas você não
sabe muito bem. ilusão
de distância, ou
dedução errada do
seu inconsciente. mas
você parece não
enxergar agora, e
desconfia – você tem
quase certeza – toda
geometria ou mapa
enganam facilmente, e
isto não é apenas um
episódio, um futurama
ou leeuwarden com
suas fábricas de chumbo
e instrumentos musicais


Júlia Studart nasceu em Fortaleza, em 1979. Júlia Studart nesta foto está sorrindo sob o sol romano. Depois de morar durante um tempo em Curitiba, foi para Florianópolis onde fez mestrado e doutorado na UFSC, com uma tese sobre a obra do escritor Gonçalo M. Tavares. Atualmente, Júlia mora no Rio de Janeiro. Publicou poemas em diversas revistas e os livros ensaísticos Livro, segredo e infâmia e Wittgenstein e Will Eisner.

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