meu avô e minha avó
Silvio Rodriguez e Silvio Soldan
Deus e o Diabo e estes por sua vez com o Snoopy
uma moeda e a diferença desta moeda com outra
Rivadavia e a Av. Corrientes
Édipo e Julio Moyano Produções
Robert Rauschenberg e Robert Redford
Jorge e Luis Borges
Você e Eu
Paris e a capital da Alemanha Federal
Virginia e Eugenia
Estevão e Sebastião
o pão e a sacarina
um sainete e um entremez
Tia Ana e Peron
meus alunos e os seus
Guillermo Kuitca e eu
uma navalha e uma faca
durante e agora
o amor (em alemão) e o amor (em italiano)
o alemão e o italiano
esses dois pássaros que brigam
o Alvear Palace em Buenos Aires e o Hotel Carlitos em Assunção
a arte e as cartas
que diferença há entre Picasso?
o azul e o vermelho
Cézanne e eu
Uma fita cassete e outra
Que diferença há entre uma cassete dentro de uma xícara?
o vermelho e o violeta
Mondrian quando tinha a sua idade e você
[quando tinha a idade de Mondrian
2 e dois
MoMA e o de Buenos Aires
uma cadeira e o encosto
Habana e Havana
o concreto e a arte cimento
Ortega e Gasset
Romeu e Julieta
o minimal e a arte surrealista
a República Argentina e a Rue de la Paix
minha letra e a que eu tinha antes
what’s the difference between Porgy & Bess?
você e um quadro
uma rua e a outra
um cocô e o cubismo
a letra "e" e a letra "s"
um dó e um lá
minha mão e minha mão direita
uma placa dizendo pare e uma placa dizendo pare
que tenha ao lado um cão sem uma coleira scotch
ø e ö
Artforum e Artinf
Gudiño Kiefer e William Blake
os cafés San Juan e Boedo Antiguo
Callao e Santa Fé
A Bauhaus e a Pueyrredon
Woody Allen e Annie Hall
Crime e castigo de Dostoievsky
Gertrude Stein e seu retrato
Dorotea Bazal e Juana Azurduy
Theo van Gogh e Silvia Legrand
o retrato de Gauguin de Van Gogh e um auto-retrato de Van Gogh
os sete anões
o cu e a parede o
payo sola e o cerro cayo
o desprezo e a paz.
Guillermo Kuitca nasceu em Buenos Aires, em 1961.
Guillermo Kuitca é um artista plástico argentino.
Guillermo Kuitca teve sua estréia como artista no começo dos anos 80.
Atualmente Guillermo Kuitca mora em Buenos Aires onde mantém um importante programa de bolsas, o Talleres Beca Kuitca, referência para jovens artistas.
A cartogafia, com suas linhas, traços, curvas, nomes, plantas e relevos parece ser o espaço em torno do qual toda sua obra transita. Nos anos 80, começou a pintar algumas séries de pinturas, como o "Ninguém esquece nada", composta de poucos elementos que se repetem como camas e pessoas viradas de costas e encurvadas. Também nesta década desenvolve trabalhos em que estão representados ambientes escuros, salas ou várias salas interligadas onde se passam cenas estranhas, com assassinatos, sexo e pessoas que parecem estar no limite da loucura. Em uma dessas séries, que aparece no vídeo acima, "O mar doce", ao fundo aparece projetada sempre a mesma imagem, uma das cenas mais conhecidas do cinema: a do carrinho de bebê despencando pela escadaria de Odessa, no Encouraçado Potemkin. Essas pinturas parecem tematizar de alguma forma o momento que vivia a pintura no final do século XX, em torno dos anúncios de seu fim. Pintar foi um modo de viver o luto pela morte da pintura. Kuitca acena para este gesto ao expor tais cenas confusas, com restos de narrativas, pessoas mortas, o carrinho de bebê despencando, cenas que parecem tiradas de um pesadelo, com registros que soam como o momento depois de tudo", pós-tudo, como se chegasse tarde demais ou se dissesse "não posso voltar atrás".
No final dos anos 80, Kuitca começa a elaborar um conjunto de trabalhos onde o eixo de variações temáticas é construído por diferentes mapas, usando como suporte a tela ou a superfície de um colchão. Trata-se de desenhos inconclusos, fragmentados, com os nomes geográficos alterados. Somam-se a esta série cartográfica, pinturas de plantas arquitetônicas de diversos espaços, tais como teatros e casas de óperas, ou layouts diversos, de capas de discos e diferentes documentos, como seu próprio currículo vitae.
Embora composto de séries e técnicas muito distintas, podemos traçar uma linha que relaciona as instalações de mapas sobre colchões às pinturas de plantas arquitetônicas, plantas de teatros, pinturas a partir de capas de discos e até mesmo seu "Tango nu", que é um exercício de cartografia dos passos de tango marcados com os pés sobre tela.
O poema traduzido acima foi publicado na Modo de usar & co. 1 e foi tirado de um catálogo do MALBA sobre a sua obra. O vídeo fiz a partir do mesmo livro e esse textinho saiu no blog da modo.
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