Tantos poemas que perdi
Tantos que ouvi, de graça
pelo telefone – taí,
eu fiz tudo para você gostar,
fui mulher vulgar,
meia-bruxa, meia-fera, risinho modernista
arranhado na garganta,
malandra, bicha,
bem viada, vândala,
talvez maquiavélica,
e um dia emburrei-me,
vali-me de mesuras
(era uma estratégia)
fiz comércio, avara,
embora um pouco burra,
porque inteligente me punha
logo rubra, ou ao contrário, cara
pálida que desconhece
o próprio cor-de-rosa,
e tantas fiz, talvez
querendo a glória, a outra
cena à luz dos spots,
talvez apenas teu carinho,
mas tantas, tantas fiz…
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