terça-feira, 18 de outubro de 2011

Distâncias incomensuráveis II – Lu Menezes



Grã-estrelas quebradiças
esfarelam-se na noite armazenária de um céu
com dobradiças

Muito e pouco
distam das estrelas
e da lua terra-a-terra de strass
que sobre a mesa de um camelô o sol mela

A BBC sonhava com tudo o que eu – mas eu
só comigo sonhava! gritou o Souza pelo oniaudiente
megafone estrelado instalado em sua mente

Pela TV se vê 
que para atrair os índios, um espelho
foi deixado brilhando no matagal

Mas quem afasta
verdes feixes de elétrons
e penetra no vibrante capinzal distante

– sou eu –

índio trânsfuga que acha
a trânsfuga estrela no chão





Lu Menezes nasceu em São Luís e cresceu no Rio de Janeiro, onde vive atualmente. 
Tem 63 anos e publicou os livros O amor é tão esguio (1980) e Abre-te, Rosebud! (1996), de onde tirei este “Distâncias incomensuráveis II”.

Depois de quinze anos sem publicar – tempo incomensurável, que poderia ser medido em parsec por aqueles que desejam muito seus poemas – Lu Menezes presenteará seus leitores duplamente: a autora está com dois livros no prelo, ambos com títulos lindos. 

O primeiro, que será lançado nesta terça, 25, pela 7letras, é o Onde o céu descasca; o segundo, previsto para o começo de 2012, Fato puro e conto de fadas.

Além dessas novidades, seus leitores também podem se alegrar com a presença da autora neste fim de ano no festival Europália, na Bélgica, onde ela lerá seus poemas. Acima, colo a capinha do livro de estreia O amor é tão esguio, com projeto gráfico da própria Lu em parceria com Walter Duarte.

2 comentários:

  1. Estou no mais lindo blog de poesia do mundo, e estou prosa.Obrigada não só por este post, Marília, mas pela companhia de todos os belíssimos poemas aqui postados!
    Bjs,L.M.

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  2. Querida Lu, obrigada a você pelos poemas tão lindos!! e pelo livro novo -- estou contando as horas para mais tarde, quando poderei ter em mãos meu (très-bleu) onde o céu descasca!
    1beijo carinhoso,

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