domingo, 9 de outubro de 2011
Lendo Yeats não penso... – Lawrence Ferlinghetti
Lendo Yeats não penso
na Irlanda
mas em Nova Iorque no verão
e em mim mesmo lá de volta
lendo o livro que achei
no Elevado da Terceiravenida
o Elevado
com suas ventarolas suspensas
e seus avisos de
PROIBIDO CUSPIR
o Elevado
adernando seu mundo do terceiro andar
com sua gente do terceiro
em seus lares do terceiro
parecendo jamais terem ouvido falar
do térreo
uma velha
regando sua planta
ou um gaiato de palheta
cravando um alfinete na gravata hortelã
como se não tivesse aonde ir
exceto à coneyislândia
ou um cara de camiseta
balançando na cadeira
olhando o Elevado passar
como se o desejasse diferente
a cada vez
Lendo Yeats não penso
na Arcádia
e seus bosques que para Yeats estavam mortos
penso ao contrário
em todas as faces desfeitas
descendo em pontos do centro
com seus chapéus e seus empregos
e naquele livro perdido que achei
de capa azul e miolo branco
no qual estava escrito a lápis
CAVALEIRO, SIGA ADIANTE!
Tradução de Nelson Ascher
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